quinta-feira, 18 de junho de 2009

Catralvos com vista para o Tejo?

Na terça-feira, ao fim da tarde, fui à inauguração do novo terraço do Hotel Tivoli, na Av. da Liberdade, no último piso, contíguo ao restaurante onde oficia Luís Baena, coadjuvado por João Hipólito. A vista é soberba e será certamente muito agradável lá ir nestas noites de Verão, ficando aberto até à uma ou duas da manhã, servindo versões "aperitivo" das criações que Baena apresenta ao lado, no restaurante, ao jantar. Estava lá muita gente, até o Miguel Pires, muito jet set, muita gente ligada à moda, ao jornalismo (não gastronómico) e à publicidade. Gostei de ver esta variedade, porque se nos estamos sempre a queixar da falta de "massa crítica" para os nossos restaurantes mais criativos, não podemos excluir pessoas que podem contribuir para o êxito destes espaços.
Não vi a lista, mas falando com Luís Baena ele explicou-me que vai, finalmente, dar claramente continuidade ao trabalho que desenvolveu na Quinta de Catralvos. Fiquei muito satisfeito. Sou um "órfão de Catralvos" e creio que há várias pessoas que sentem o mesmo. Além de Luís Baena, só José Avillez se aventurou consistemente na cozinha mais vanguardista em Portugal. Porém, curiosamente, o experiente Baena é mais "radical" do que o jovem Avillez, e, mesmo que cometa alguns erros, estou muito interessado em ver o que a sua imaginação pós-Catralvos vai oferecer.
Numa época em que quase todos os chefes parecem tolhidos na sua criatividade, é óptimo ver que Luís Baena parece ter condições para desenvolver uma cozinha digna do grande profissional que ele é.

12 comentários:

EuSouGourmet disse...

Caro Duarte,
Ainda bem que partilhas esta informação, realmente o Luís Baena já me tinha avisado do novo look, mas ainda não tive oportunidade de ver.
Quanto à vida que o "Terraço" tem, é merecida, aquele espaço é verdadeiramente espantoso e com uma vista de cortar a respiração.
A ementa que já tive oportunidade de provar, reforça-se pela criatividade que é elemento presente em todos os pratos.
Vicente

Miguel Pires disse...

Dei uma olhada rápida pela ementa e pareceu-me bem adaptada a um espaço que se pretende moderno e descontraido. Só tenho curiosidade em perceber como vai esse espaço conviver com a sala interior cujo o ambiente é bem diferente. Mas não há duvida que as propostas mais vanguardistas do L Baena, ainda que na sua vertente mais "snack", adaptam-se melhor a este novo espaço do que ao interior

P.S. obrigado pela virgula a seguir à referência à minha pessoa. Ia apanhando um susto...

Miguel Pires disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
NOG disse...

Ao novo espaço ainda não fui. Ao terraço "tradicional" já fui algumas vezes, e a minha opinião é que quando o L Baena não lá anda as coisas baixam um pouco de nível, apesar do bom trabalho do João Hipólito (o serviço também é "complicado"...).

By the way, fui ao Panorama (com o Miguel P. Maduro que envia um abraço ao Duarte Calvão) na sexta-feira passada e provei o novo menú do Leonel... muito bom, apenas com um ou outro excesso.

Ab.

NOG

Anónimo disse...

Péssimo, péssimo, era cliente habitual do antigo Terraço, pouco criativo mas de extrema qualidade, este senhor Baena conseguiu transformar um dos melhores restaurantes de Lisboa numa tasca de fritos..A comida é horrível, sem sabor, e cheio de artifícios para disfarçar.. Pasteis de massa tenra, pasteis de bacalhau, croquetes, peixinhos da horta.. Ent~so isto é que é alta cozinha? Ah pois, faz o gelado com azoto..então já é!!
Não duvido dos conhecimentos deste senhor, mas duvido muito da sua credibilidade, já se perguntaram o que aconteceu em Catralvos? pois...
Já agora um chefe altamente criativo faz cerca de 2 anos depois a mesma cozinha? Sushi presunto, bola de berlim, mac silva, entre outros..
Finalizo os cerca de 250000 euros a menos de facturação de o Terraço teve em relação ao ano passado, a sorte deste senhor é que o Dr. Ricardo Salgado ainda não deu por isso e vai sendo incoberto..
Bem eu quero é de volta o meu cherne grelhado com vista po Tejo..

Bem Haja,

Francisco Rebelo de Almeida Rendeiro e Cunha

Miguel Pires disse...

Caro Francisco,

Que grande azia lhe provocou esta mudança!
Eu ia jurar que tinham sido mantidos alguns pratos mais clássicos no Terraço. Provavelmente não mantiveram o seu Cherne. Mas tente no Tivoli de Seteais, uma vez que o anterior chefe do Terraço encontra-se agora lá. A minha recente experiência em Seteais esteve longe de ser boa, mas pode ser tudo uma questão de gostos.

Anónimo disse...

Um pouco caro Miguel Pires, penso que se descaracterizou completamente um clássico da nossa cidade, seria a mesma coisa que passar o el bulli para o Porto Santa Maria, penso que há espaço para todas as cozinhas.. Mas isto foi o descaracterizar o que já tinha caracter..Talvez nas docas, em santos, no bairro alto, aí talvez até gostasse deste restaurante..
Numa época em que se debate a ocupação dos restaurantes e a sua rentabilidade devia-se olhar para estes maus exemplos, o Terraço tinha clientes desde há cerca de 30 anos, dispostos a gastar 100, 200, 300 euros numa refeição, de qualidade,esses clientes estão perdidos para o Terraço.
Apesar de gostar bastante do ambiente de Seteais, o Terraço era o Terraço, enfim.

Bem haja,

Francisco Rebelo de Almeida Rendeiro e Cunha

Anónimo disse...

O que é que aconteceu em Catralvos?

Luís Baena disse...

Lamento que o Sr Cunha não aprecie a minha cozinha. Reconheço que a minha cozinha desafia os sentidos e irá desapontar quem não esteja aberto a novas experiências gastronómicas. Em qualquer caso, o Terraço terá sempre muito gosto em continuar a servir a qualquer cliente que esteja disposto a pagar "100, 200 e 300 euros" ou o "seu" cherne grelhado... Não foi para isso, no entanto, que fui convidado. Continuarei fiel à minha cozinha, procurando sempre ajustá-la a diferentes espaços mas sem abdicar da minha identidade.
A minha “alta criatividade” parece incomodá-lo.
O trabalho da continuação de Catralvos retorna exactamente ao ponto onde ficou por concordância da direcção e da administração.
Não estou a escrever para comentar gostos gastronómicos mas para repor a verdade: não é correcto que o Terraço tenha perdido €250.000,00.
Não devo divulgar números respeitantes a uma conta de exploração nem a um orçamento que não são nem devem ser de domínio público.
Respeito críticas gastronómicas mesmo que violentas e pouco educadas mas não posso aceitar que a isso se misturem falsidades e insinuações covardes de outro tipo.

Luís Baena

Anónimo disse...

O Sr Francisco Rebelo de Almeida Rendeiro e Cunha, falou como se, hipoteticamente o El Bulli fosse para o lugar do Porto de Santa Maria, seria algo semelhante a uma "tragédia".
Não sei se sabe mas, todos os anos, cerca de 400 mil pessoas de todo o mundo, tentam reservas no El Bulli, sem sucesso.
Pessoas que estão dispostas a viajar desde a Austrália, Japão, EUA, Canadá,... para jantar no El Bulli, ao preço de 300 euros por pessoa ou mais. Como geralmente não se viaja da Austrália para Espanha para passar um fim de semana, muitos dos clientes do El Bulli, ficam mais tempo no país vizinho, onde vão a mais restaurantes, ocupam hoteis, gastam dinheiro, o que é bom para a economia do país.
O P.S.M pode ter um peixinho muito simpático, ou uns lagostins excelentes, mas isso, não é suficiente para o reconhecimento da nossa gastronomia. Nunca o foi. Portugal é reconhecido no estrangeiro, como um país onde se come bem e barato, nada mais.

Paulo Rodrigues

Anónimo disse...

Tristes, são mesmo snobs, deixem lá a gastronomia portugesa em paz, querem comida assim vão para espanha ou frança, aqui come-se caracóis e cozido, aguentem-se..

Portugal aos Portugueses!

Miguel Pires disse...

exacto, até porque em Espanha e França não há cozinha tradicional...

Meu caro Anónimo, nem já as naus partem do Restelo