domingo, 14 de junho de 2009

Cardos, chicória, beldroegas e funcho

"(...) Quem já esteve num supermercado francês sabe que esta erva se vende cara. O que abona em favor dela: uma pessoa, mesmo sendo uma erva, deve vender cara a sua vida. Do funcho usa-se tudo: a rama, as sementes e o bolbo.
Quando faço peixe no forno, as sementes de funcho são indispensáveis. Ponho, numa assadeira, cenoura, batata, tomate, pimento, cebola, alho e, claro, o peixe, o azeite, o meu contabilista (estou a brincar, eu não tenho contabilidade organizada), o louro, deitando depois um punhado de sementes de funcho. Quanto à rama, vai bem com, por exemplo, o salmão fumado. O bolbo refoga-se com o porco. Cá em Portugal, os pobres desprezam o funcho, da mesma maneira que os ricos desprezam os pobres. Mas ele cresce em todo o lado, indiferente às críticas dos jornais."

O Afonso Cruz vive algures numa aldeia no concelho de Sousel "perto de Casa Branca, encostada àquele fenómeno chamado desertificação do interior”. Para inveja de muitos de nós, trabalha a partir de lá. Escreve, ilustra, toca, apura os sentidos. Neste post (que transcrevo, em parte, acima) e num registo muito próprio, fala-nos de ervas "daninhas" comestíveis. Cardos, chicória, beldroegas e funcho (aqui).

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