terça-feira, 2 de junho de 2009

Vintage 2007, uma declaração clássica?



Nisto das afirmações bombásticas há que ter alguma cautela, tento na língua, bom senso suficiente para que as revelações pomposas não descambem no caricato. Todos os anos escutamos a mesma ladainha, a que proclama a colheita da década, a vindima do século, o melhor ano de sempre desde que há memória, o tal ano excepcional que só acontece uma vez na vida, o discurso natural de quem produz e quem vende. Quem emite opinião pode, e deve, manter um registo mais sensato e reservado, sem o entusiasmo natural de quem necessita da promoção mediática.
Por isso poderá parecer estranho que, agora que os Vintage 2007 finalmente se materializaram, eu saia a terreiro argumentando que a declaração Vintage 2007 será, muito provavelmente, uma declaração clássica, uma das tais que ficará nos anais da história, uma referência para o futuro! Estarei eu a ser demasiado optimista e precipitado? Possivelmente, mas asseguro que medi bem as palavras e que não as escrevo com ligeireza ou precipitação, num arrebatamento mais ou menos juvenil. A elegância, precisão, delicadeza e profundidade dos Porto Vintage 2007 é absolutamente memorável, num registo pouco habitual nas declarações mais recentes das décadas de noventa e início deste século. Não fora a tão propalada crise, esta seria a altura certa para comprar à caixa…

2 comentários:

Anónimo disse...

Rui,

Do que provaste o que aconselhas para 2007? Os clássicos Taylor's, FOnseca, Dow's Graham's e Noval, ou, para além destes aconselhas outros? Já há preços estipulados?

De acordo com aquilo que me foi porposto "en primeur" os valores para 2007 indiciam que não há crise nenhuma. Qual a tua opinião sobre isto?

Abraço,

RLP

Rui Falcão disse...

Seguramente os clássicos, as usual
Não é nada fácil estar nos dois campos em simultâneo, no Porto e Douro, e apresentar resultados de excelência nos dois lados da barricada (certo, a expressão é um pouco forçada…).

Confesso que não estou a par dos preços bond, mas imagino que não sejam muito distantes dos valores de declarações anteriores. Pessoalmente, e por interesse próprio, preferiria preços mais comedidos, mas percebo a posição de quem tem um vinho superior, que lança três ou quatro vezes por década, e que mantém valorizações e preços muito conservadores quando comparados com os restantes vinhos clássicos de Bordéus, Borgonha, Rhône, Super Toscanos, etc…
Será um princípio arriscado? Penso que não, excepto para quem esteja com problemas graves de tesouraria. Porque a grande vantagem do Vintage é que as garrafas podem ser guardadas em Gaia sem problemas de maior até que cheguem tempos mais agradáveis. Tendo em conta a qualidade da colheita, percebo que os preços se mantenham (assumindo que eles não entraram em loucuras…).

Abraço,