Neste fim de semana tive uma experiência com vinhos velhos para esquecer. E nem eram particularmente velhos. Com excepção de um Vinho do Porto sem data, o mais antigo era de 1999. No entanto segundo alguns entendidos todos eles revelavam capacidades de envelhecimento quando sairam para o mercado. Na 6F, o primeiro a ir ao saca rolhas, um Chateauneuf-du-pape, E.Guigal 99, mais valia que não tivesse ido ou que tivesse sido vedado com screwcap, tamanho era o "rolhão" que apresentava. Ok, foi um acidente que acontece aos melhores, velhos e novos. Mas segundo o meu amigo RC, que o trouxe, há pouco tempo tinha aberto outra garrafa que embora não padecesse do mesmo problema de rolha já estava mais para lá do que para cá. De seguida abrimos um Matallana 2000, um Ribera del Duero de Telmo Rodriguez. No nariz os aromas a fruta compotada e notas de torrefacção seguiu-se uma nova meia desilusão. Na boca, sobretudo no final, um ligeiro "vinagrinho". Para acabar houve ainda lugar para uma curiosidade que não era suposta ser mais do que isso: um Porto comprado num recente leilão, em Lisboa. Apesar de não ter data de colheita ou de engarrafamento parecia ser bem velho. O meu amigo sabia que quando o arrebatou nesse leilão por 15€, nada de muito excitante iria encontrar. Apesar de tudo ainda foi possível descobrir alguns aromas de frutos secos típicos de um tawny velho.
No dia seguinte foi a minha vez de ir jantar a casa de amigos e resolvi levar um Quinta dos Carvalhais encruzado de 2003. Ainda nessa tarde tinha lido as melhores referências sobre a capacidade de envelhecimento deste vinho, num artigo de Padro Garcias no Fugas (Público). Quando meti o copo ao nariz não queria acreditar no que me estava a acontecer. Visivelmente irritado enviei um SMS ao meu amigo, com quem tinha partilhado as más experiências na véspera, a descrever-lhe a experiência olfactiva que variou entre banana e melão podre, com rebuçado dr Bayard estragado. Como é possível tanto azar com garrafas que estiveram sempre bem guardadas em caves climatizadas? Por coincidência em ambos os jantares houve um primeiro vinho que deixou todo o mundo encantado: o Soalheiro Primeiras Vinhas 2007. Terá este magnifico Alvarinho capacidades de ensombrar a que está à sua volta?
Não é que seja supersticioso mas vou contratar um exorcista que me receite umas mezinhas para colocar na cave de guarda. E já agora, quando voltar a abrir um Soalheiro, não abro mais nada de seguida, ponto.
3 comentários:
"Como é possível tanto azar com garrafas que estiveram sempre bem guardadas em caves climatizadas?"
Eventualmente, foram mal guardadas na loja
Isso é mais susceptível de acontecer quando compramos garrafas de colheitas muito anteriores. Aí é uma especie de lotaria. No entanto no caso que refiro todas as garrafas (excepto o Porto) foram compradas por nós praticamente logo após a saida para o mercado.
Então é mesmo galo ... ou um problema na climatização da garrafeira (enfim, uma análise crítica tem de encarar todas as hipóteses)
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