segunda-feira, 15 de junho de 2009

A Casa Portuguesa


Acabei de regressar de Barcelona onde, a convite do Consulado português, tive o prazer de poder apresentar a uma plateia de sommeliers, donos de garrafeiras e outros profissionais catalães, um panorama geral e genérico sobre vinhos nacionais, a sua especificidade e identidade. A culminar a palestra seguiu-se uma prova de vinhos de três produtores nacionais bem representativos das suas regiões, Quinta do Vallado, Carlos Campolargo e Herdade da Malhadinha. Bem organizada, a prova foi um sucesso imediato, visível nos rostos e nas conversas dos muitos profissionais que encheram o terraço do hotel Pulitzer.
Mérito inequívoco do consulado português, na execução política da promoção dos valores e produtos nacionais, mas, igualmente, engenho e talento de uma das mais incríveis e louváveis iniciativas que conheci nos últimos anos, a Casa Portuguesa em Barcelona. Casa Portuguesa que se apresenta como um misto de loja gourmet, garrafeira, pastelaria, casa de tapas e local de cultura, local de animação e vivência urbana que pude confirmar “in loco”. Um local moderno e bem desenhado, com uma preocupação estética mais que evidente, local de exposições de pintura e fotografia, de lançamentos de livros… onde só se vendem produtos portugueses, sem qualquer excepção ou condescendência. A cerveja, à garrafa ou à pressão, é nacional, os vinhos, em garrafa ou a copo, são sempre nacionais, os petiscos e tapas todos lusos, os bolos de pastelaria efectivamente nacionais, os chocolates, conservas, bolachas, azeites, etc… sempre pátrios. Só a selecção musical se mostra mais eclética, passando por todas as paragens, estilos e recantos do mundo.
Mas o melhor da Casa Portuguesa é que o espaço não é, e não quer ser, um local de peregrinação da saudade, um gueto de portugueses, um café para os encontros de futebol, um reduto de cachecóis de equipas portuguesas, de presuntos e réstias de cebolas penduradas no tecto. Pelo contrário, é um local de encontro de barceloneses, de promoção do que de melhor se faz em Portugal, sem complexos, sem sentimentos de inferioridade, sem pudor. E que gozo me deu ver um espaço tão bem concebido, numa das ruas mais movimentadas da noite de Barcelona, apinhado de jovens espanhóis a beber cerveja super-bock, vinhos portugueses a copo, a comer avidamente pasteis de bacalhau e empadas de galinha, a deliciar-se com bolas de Berlim e bolas de carne de Trás-os-Montes, a pedir Queijo da Serra e Queijo de Azeitão, a suspirar pelos pastéis de nata. Sim, sim, vendem diariamente mais de 700 pastéis de nata…
Afinal, a cultura gastronómica portuguesa também pode ser facilmente exportável!

4 comentários:

Duarte Calvão disse...

Ora aqui está um post que me enche de satisfação. Tenho que lá ir.

Anónimo disse...

Caro Rui, é com estas noticias que eu fico bem disposto, e ainda para mais vendem 700 pasteis de nata!!!
Ganharam um adepto na minha proxima visita a Bercelona vai ser uma paragem obrigatória.
Já agora qual é a morada ou website?
Abraço Vicente

maloud disse...

http://www.acasaportuguesa.com/

Rui Falcão disse...

Obrigado “Maloud”, é isso mesmo, o endereço é http://www.acasaportuguesa.com/, no bairro de Grácia (não confundir com o Carrer de Grácia).
Não escondo que eu também regressei bem disposto, até porque o entusiasmo e a boa disposição do Pedro e da Leonor são verdadeiramente contagiantes. A montra de vinhos é bastante interessante, o ambiente descontraído e simpático… e os dois têm feito mais pela promoção do vinho português em Barcelona que muitas outras actividades oficiais.
Entretanto, não sei se por contágio, se por coincidência, sei que já abriu outra casa semelhante também em Barcelona. E também fiquei a saber que a comunidade portuguesa em Barcelona é muito razoável, movendo-se muito entre a arquitectura e o design…